É Família Cristã, é célula primordial da sociedade, é família nuclear, família estruturada, família feliz, proteção da família, e por aí vai.
Alguém já parou para pensar no quanto essa conversa é preconceituosa e antiquada?
A Constituição, que tanto defendo, nem ela, coitada, ficou livre dessa ideologia que ressumbra a instituições do século retrasado. Põe a família acima de tudo, determina que contará com "especial proteção do Estado", mas pelo menos acabou com a modorrenta chefia da sociedade conjugal pelo marido, lixo previsto no Código Civil de 1916, flagrantemente atentatório à igualdade de sexos, prevista em todas as constituições brasileiras desde 1934. Mas nossos tribunais, machistas e tíbios, não estavam nem aí. Inventavam sofismas de má-fé para afastar a Constituição e fazer prevalecer a lei civil de então, invertendo a hierarquia das normas.
Mas não é boa a valorização da família?
Não. Não desse jeito. Não com essa mística, que sobrepõe a família ao cidadão, ao indivíduo.
Quem são os maiores sacrificados nessa história? Os solteiros.
Famílias e casais são melhor tratados em lugares públicos do que solteiros. Sábado fui a um restaurante em Brasília, o Oscar, com uma amiga. Além de nós duas, havia dois homens jantando juntos e o restante dos presentes, casais ou turmas. Para mim, foi notória a negligência com que fomos tratadas pelo garçom que nos atendeu a maior parte do tempo, de forma antipática.
E os homens que estavam lá? Bem, com os homens é sempre diferente. E, no caso, um deles era senhor de alta expressão.
O restaurante também não passou no teste da etiqueta democrática e republicana.
É ABOMINÁVEL essa supervalorização da família e do casal. Famílias e casais não são EM NADA melhores do que pessoas sozinhas. Qual o fundamento lógico da maior consideração que recebem? NENHUM.
E o Poder Público não deveria, jamais, curvar-se à essa mística, que nada mais faz do que fomentar um preconceito. Antes, tem obrigação de combatê-lo.
Alguém já parou para pensar no quanto essa conversa é preconceituosa e antiquada?
A Constituição, que tanto defendo, nem ela, coitada, ficou livre dessa ideologia que ressumbra a instituições do século retrasado. Põe a família acima de tudo, determina que contará com "especial proteção do Estado", mas pelo menos acabou com a modorrenta chefia da sociedade conjugal pelo marido, lixo previsto no Código Civil de 1916, flagrantemente atentatório à igualdade de sexos, prevista em todas as constituições brasileiras desde 1934. Mas nossos tribunais, machistas e tíbios, não estavam nem aí. Inventavam sofismas de má-fé para afastar a Constituição e fazer prevalecer a lei civil de então, invertendo a hierarquia das normas.
Mas não é boa a valorização da família?
Não. Não desse jeito. Não com essa mística, que sobrepõe a família ao cidadão, ao indivíduo.
Quem são os maiores sacrificados nessa história? Os solteiros.
Famílias e casais são melhor tratados em lugares públicos do que solteiros. Sábado fui a um restaurante em Brasília, o Oscar, com uma amiga. Além de nós duas, havia dois homens jantando juntos e o restante dos presentes, casais ou turmas. Para mim, foi notória a negligência com que fomos tratadas pelo garçom que nos atendeu a maior parte do tempo, de forma antipática.
E os homens que estavam lá? Bem, com os homens é sempre diferente. E, no caso, um deles era senhor de alta expressão.
O restaurante também não passou no teste da etiqueta democrática e republicana.
É ABOMINÁVEL essa supervalorização da família e do casal. Famílias e casais não são EM NADA melhores do que pessoas sozinhas. Qual o fundamento lógico da maior consideração que recebem? NENHUM.
E o Poder Público não deveria, jamais, curvar-se à essa mística, que nada mais faz do que fomentar um preconceito. Antes, tem obrigação de combatê-lo.
4 comments:
Simone, muito pertinente seu artigo. Deve sim haver uma mudança no conceito, tradicionalmente, entendido por família. Sou mãe solteira e muito me incomoda esse preconceito. Não sou obrigada a ficar com um dependente químico para que a sociedade me aceite como "mãe de família". Tenho uma família: minha filha e eu. Quer a sociedade aceite isso ou não.
obrigada por seu artigo!!!
A despeito de ser casado reconheço como totalmente apropriado o conteúdo do seu texto. Creio também que, em detrimento do indivíduo (esse sim fundamental), a 'família' tem seu espaço convenientemente ultra-valorizado. Nisso vejo uma nefasta e remanescente influência da religião.
A despeito de ser casado reconheço como totalmente apropriado o conteúdo do seu texto. Creio também que, em detrimento do indivíduo (esse sim fundamental), a 'família' tem seu espaço convenientemente ultra-valorizado. Nisso vejo uma nefasta e remanescente influência da religião.
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