se.nho.ri.ta
[Senhora + -ita1.]
Substantivo feminino.
1. Moça solteira.
2. Tratamento respeitoso dado a senhorita
(1). pe.ri.gue.te
[Perigo + -ete.]
Substantivo feminino. Bras. Gír.
1. Moça ou mulher namoradeira, mas sem namorado.
Fonte: Dicionário Aurélio
A mesma pseudo-lógica chauvinista que inventou o "senhorita", inventou também o "periguete", só para humilhar as mulheres "sem homem".
Machismo jamais é respeitoso, logo, "senhorita" nunca o foi e não o é.
Há quem diga que as mulheres de hoje "não se dão ao respeito" e que, no passado, os homens as respeitavam mais.
É enganosa a suposição de que, antigamente, as mulheres eram mais respeitadas.
O Código Civil de 1916 realmente era muito "respeitoso" ao estabelecer que o defloramento pré-nupcial motivava a anulação do casamento, a deserdação da filha por "desonestidade", entre outras patifarias.
O machismo adora inventar adjetivos que menosprezam as mulheres, enaltece indevidamente as casadas ou "com homem" (não são melhores, tampouco mais dignas de respeito do que as "sem homem", EM NADA).
O machismo adora inventar adjetivos que menosprezam as mulheres, enaltece indevidamente as casadas ou "com homem" (não são melhores, tampouco mais dignas de respeito do que as "sem homem", EM NADA).
A definição de "periguete" é horrenda. "Moça namoradeira, mas sem namorado". O problema é não ter um namorado? A mulher, pelo jeito, para ser "respeitável", precisa de um palhaço de gravatinha a quem responder "sim, amo!" Como a Jeannie, lembram? (O Major Nelson pelo menos era bonitinho, mas fã de uma garrafa)
Pior, impossível.
Adjetivos que marginalizam a mulher "sem homem": manifestações de mau-caratismo, nada mais.
São absolutamente odiosas e devem ser destruídas todas as distinções sociais entre as mulheres, baseadas no seu estado civil e no seu comportamento sentimental e físico; sobretudo, entre a solteira e a casada, a só e a acompanhada; essa discriminação é tão humilhante, nojenta e merecedora de lei incriminadora quanto o racismo.
A deferência dada às esposas, companheiras, noivas e namoradas não encontra lógica nenhuma que a sustente; nada mais resulta do que do baixo e vil interesse dos homens (e das mulheres que creem possuí-los) em obter um valor que não têm e desencorajar a liberdade de escolha das mulheres sós, de recusar os homens que não as agradem, mas de lutar por aqueles que as agradem em cheio.
"Senhorita" é odioso, "periguete" idem, porque toda discriminação o é. E o controle social sobre a afetividade e a sexualidade da mulher não passam de manifestações de atraso e desinformação.
O homem, solteiro ou casado, é sempre senhor, faz o que bem entende e sempre sai "machão" e"limpinho" de qualquer imundície. Inventou o casamento para ter uma fulana "oficial" com quem desfilar (e mostrar para todo mundo sua pretensa virilidade), mas, como é um tremendo de um hipócrita, permite-se "as outras", com as quais se esconde e não desfila, e ainda as cobre de nomes feios, porque não têm "dono".
A mulher e "os outros": ai, ai, ai!
Sinal dos tempos: as mulheres ganham seu sustento e podem (infelizemente, em termos) escolher os homens que quiserem, ou não escolher nenhum (sim, isso, nós podemos). Os primatas reagiram sem demora: mulheres, atenção, se ficarem sem um homem, nome feio em cima de vocês!
Sinal dos tempos: as mulheres ganham seu sustento e podem (infelizemente, em termos) escolher os homens que quiserem, ou não escolher nenhum (sim, isso, nós podemos). Os primatas reagiram sem demora: mulheres, atenção, se ficarem sem um homem, nome feio em cima de vocês!
"Periguete" é só um dos muitos nomes feios inventados com essa estúpida finalidade.
Mau caratismo, nada mais. É o que penso do abjeto "duplo padrão moral" que inferniza as mulheres, sobretudo as "sem macaco".
Aliás, é abjeta, odiosa, excludente e opressora a sacralização do casamento, das relações "estáveis" e a demonização de todas, e de todos, que desejem ou lutem alguém de quem gostem. E é claro que essa demonização atinge sobretudo as mulheres solteiras.
Vivemos num Estado laico e temos que destruir a moral de inspiração religiosa, que reprime o ser humano, condena as relações, demoniza a mulher e o homem dissidentes e faz da vida um inferno.
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