Sunday, June 27, 2021

PURITANISMO, BOM-MOCISMO, FANATISMO

 

Abaixo a repressão! É proibido proibir!

Nos anos 70, essas eram as palavras de ordem dos rebeldes que foram a cara da década, principalmente de sua primeira metade. Dos anos 80 para cá, porém, os ventos da Era Reagan trouxeram não somente o neoliberalismo na política econômica, mas vieram acompanhados de uma retomada conservadora nos costumes e nas idéias dos formadores de opinião.

Vencedora, a direita aproveitou o fim do bloco socialista para disseminar o neoliberalismo como a única opção correta em política econômica. Francis Fukuyama chegou a escrever um livro no qual proclamava o "Fim da História".

Porém, o autoritarismo de direita reergueu-se. Nos Estados Unidos, com Reagan e Bush pai, a direita religiosa ganhou força. A AIDS serviu de pretexto para uma explosão conservadora. Se, de um lado, ingressamos na "Era dos Direitos", assistimos à globalização que aparentemente aproximava as pessoas, não assistimos ao que esperávamos: à conquista de maior liberdade. Deu-se o contrário: a expansão de novas idéias repressoras como se fossem a última palavra, a grande verdade.

O Neoliberalismo veio acompanhado do Neopuritanismo.

O que é Neopuritanismo?

É o retorno à uma sociedade em que a repressão é a regra e a liberdade, a exceção; uma sociedade intolerante com o "diferente" e que prega a uniformidade de idéias e de condutas como virtude. Ai de quem fugir dos padrões!

Assim, nos EUA, a intolerância com os fumantes levou-os à segregação social.

Hoje, apesar de as mulheres terem conquistado a igualdade nas leis, ainda convivem com muita repressão, proibições e violência, só por serem mulheres. A mulher tem que obedecer aos seguintes comandos: ser dócil, meiga, bonita, bunduda, peituda, magra, cheirosa, falar baixo; tem que ser ou querer ser mãe; tem que colocar os filhos acima de si mesma; tem que amamentar; tem que dar colo sempre que o filho chorar; tem que colocar o filho acima da carreira e da sua relação com o marido; tem que esperar ser escolhida, e não escolher, no campo da conquista afetiva; tem que ser feminina, não pode ser feminista que é feio; " tem que" tudo e não pode nada.

 Os pais dos jovens os monitoram pelo celular e não incentivam sua autonomia. Sob o pretexto do medo, não mais encorajam seus filhos de 10, 11 anos a irem e voltarem sozinhos da escola ou de qualquer lugar. Os políticos se preocupam se os jovens abaixo de 18 anos fumam ou bebem, ao invés de falta de escola pública de qualidade, de educação sexual, de combater o "crack", os "pancadões", "bailes funk". A mídia irresponsável  empurra jovens para o sexo cada vez mais cedo, sem que as famílias ou o poder público estejam preparados para isso. Nenhuma campanha de maternidade ou paternidade responsável, só repressão de fanatismo religioso, machista.  Nada de DIU, vasectomia, laqueadura acessíveis e sem demora, sem burocracia. Quem são as maiores sacrificadas? As mulheres! Ainda há pais que impõem o duplo padrão moral: o que o menino pode, a menina não pode.

Menores de 18 anos não podem entrar num motel, mas transam no automóvel, no mato, no beco escuro, na "tábua do sexo" do baile funk, no banheiro...

A ideologia do bom-mocismo impõe ideias "certas" e ideias "erradas".  Todo mundo tem que repetir que a mulher branca de classe média não sofre machismo, oprime homens e mulheres negros, que a mulher dita "cis" tem o privilégio "cis", que todos os bandidos são vítimas da desigualdade social...  (quem superfatura medicamentos e sequer os entrega não é bandido?  Essas pessoas são vítimas da desigualdade social?)

Logo, vão querer enquadrar o álcool e o cigarro na Lei Antitóxicos; vão querer obrigar as pessoas a realizarem trabalho voluntário (as mulheres já são obrigadas a realizar, de graça, trabalhos penosos);  a manifestação de certas ideias já é perseguida, como a defesa do controle de natalidade; já estão promovendo o retorno da censura;  hoje, a Ciência é perseguida, e em seu favor promove-se o fanatismo religioso.

Em nome de um certo bom-mocismo "anticorrupção", os bobos da corte adoram feito heroi um certo ex-juiz e elegeram o pior governo desde a Constituição de 1988, pelo menos.

Está mais do que na hora de retomarmos a luta pela nossa liberdade.  Primeiro, temos que expulsar as igrejas e sacerdotes da política, e fazer as igrejas pagarem impostos.

Sunday, June 20, 2021

O LADO PODRE DE JUSCELINO

 Juscelino Kubitschek, o "Presidente Bossa Nova", simpático e festejado como democrata e generoso, vejam só, tinha um lado muito, mais muito podre, do qual NINGUÉM fala.

No ano de 1957, dissolveu, por decreto, a Federação de Mulheres do Brasil e todas as organizações a ela filiadas.

Isto significa, na prática, que Juscelino proibiu e fechou, por decreto, todas as organizações feministas existentes no Brasil.  

Juscelino proibiu o Feminismo no Brasil e, através do DOPS da época, perseguia, vigiava e ameaçava as feministas.

Não acreditam?  Segue a prova:

Decreto nº 40.789, de 22 de Janeiro de 1957

Suspende o funcionamento da Federação de Mulheres do Brasil, com sede no Distrito Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, nº I, da Constituição e o art. 6º do Decreto-lei nº 9.085, de 25 de março de 1946, e tendo em vista o que consta do Processo 56.650-56, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores,

DECRETA:

     Art. 1º Fica suspenso, pelo prazo de seis meses, o funcionamento da Federação de Mulheres do Brasil, com sede no Distrito Federal e das organizações a ela filiadas em todo o Território Nacional.

     Art. 2º O Ministério Público Federal promoverá imediatamente, nos têrmos do art. 6º parágrafo único, do citado Decreto-lei nº 9.085, a competente ação de dissolução das entidades referidas no artigo primeiro.

     Art. 3º Êste decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, em 22 de janeiro de 1957; 136º da Independência e 69º da República.

JUSCELINO KUBITSCHEK
Nereu Ramos


Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 22/01/1957


Publicação:
  • Diário Oficial da União - Seção 1 - 22/1/1957, Página 1494 (Publicação Original)
  • Coleção de Leis do Brasil - 1957, Página 78 Vol. 2 (Publicação Original) 

E aí, vão continuar adorando feito idiotas o machista "Bossa Nova"?