Hoje à tarde a "Globo" passou o filme, que assisti pela terceira vez. A dublagem não tirou a grandeza do roteiro nem das atuações de Haley Joel Osment e de Jude Law.
Jude Law. Um ator para ser comentado em outra ocasião. Para mim, ele é um astro como nenhum outro, tem o talento, o charme e o imenso carisma dos astros da melhor época de Hollywood. Desejo que a estrela de Jude suba, que ele faça um grande papel num filmaço e ganhe uns 2 Oscars. O moço merece.
Sei que vou levantar polêmica. Conheço gente que achou a fita piegas e detestou-a.
"AI", mais do que ficção científica, é também um filme metafórico. Na jornada do menino-robô em busca da condição humana e do amor de sua mãe, deparamo-nos com várias situações e questões arquetípicas. Algumas nos farão refletir; outras, vão nos emocionar também. Quais situações e questões arquetípicas?
Primeiro, a personagem sem nome, vivida por uma linda atriz negra, repete a seguinte pergunta, mais ou menos nos termos que descreverei, numa reunião corporativa: "O que acontecerá com o robô programado para amar, se os humanos não o quiserem mais? O robô vai amar incondicionalmente; e os humanos? Qual a responsabilidade deles?"
Isso nos remete a Saint-Éxupery: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Depois, vemos o problema do filho "encomendado" para servir de "reserva", caso o irmão doente morra; o pseudo-amor condicional de alguns pais, que só aceitam o filho na medida em que ele seja obediente e conveniente; a tendência da sociedade de abandonar, marginalizar, perseguir e destruir os seres que estão incomodando; a tendência humana de buscar sempre alguém, ou um grupo, para ser catalogado como "o outro", como diria de Beauvoir, a ser oprimido e perseguido por ser "diferente"; a sociedade dominada pela eletrônica, pela cibernética, que vai se tornando incapaz de filosofia, arte e fé, e perdeu todo o respeito pela sensibilidade, liberdade e intimidade das pessoas; uma sociedade cuja ética é caçar níqueis, celebra o sexo mas marginaliza seus profissionais.
Por outro lado, "AI" sabe mostrar a amizade, em todo o seu esplendor; mostra que nossos sonhos não têm limites, e por eles vamos "até o fim do mundo", ou seja: são eles que nos fazem evoluir, superar aquilo que o mundo espera de nós.
E o filme não fala de amor? O tempo todo. Do quanto pode ser tenaz, transformador e capaz de tudo. Mas, também, do quanto o mundo desconfia de quem ama. O personagem Henry afirma: "Se ele (David) pode amar, ele também pode odiar!"
Por amor, vamos até o fim do mundo, o fundo do oceano, o fim dos tempos, porque sabemos que o infinito é o limite. Como diria Vinícius, enquanto durar.
Simone Andréa entra em férias, só volta dia 22.10. Um grande Outubro para todos. Até a vista!
1 comment:
O filme podia terminar ali naquela cena em que o garoto fica eternamente pedindo que a fada azul lhe traga sua mãe de volta. Depois disso acho que o filme desanda. Discordo da sua posição frente ao trabalho de Jude Law, considero ele meio repetitivo, em Closer que é um filme em que se exige demais dos atores, ele acaba sendo o ponto negativo, acho que ele criou um tipo para si que o ajuda, que torna fácil sua interpretação, mas ainda não vi nenhum grande trabalho seu, mesmo em Gattaca ele consegue ser desbancado pelo Ethan Hawke que convenhamos não é um grande ator também, mas tudo no fundo é culpa de Hollywood eternamente sacrificando atores em favor do velho e alquebrado star-system.
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