Wednesday, May 27, 2015

O machismo nos relacionamentos

Não vou falar da violência doméstica.
Não vou falar na discriminação diretamente praticada contra as trabalhadoras.
Vou falar do machismo nosso de cada dia, nem sempre declarado, do qual quem o pratica muitas vezes não se dá conta.

Em ambientes de trabalho, algumas práticas masculinas já são identificadas como expressões de machismo.  Sobre isso, há um excelente texto publicado no Think Olga, O machismo também mora nos detalhes, cuja leitura recomendo.  Práticas:  manterrupting (homens que interrompem a mulher, sempre que ela está falando), bropriating (homens que se apropriam das ideias de uma mulher e leva crédito por elas, mansplaining,   quando um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a uma mulher,  como se ela não fosse capaz de compreender.
O texto  O machismo também mora nos detalhes fala, também, de uma outra prática, a qual, porém, não se restringe ao ambiente de trabalho, mas é muito frequente no dia-a-dia das mulheres:  o gaslighting, violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz.  Bem, recomendo a leitura do texto original, que bem explica essas práticas.
Mas do machismo nos relacionamentos afetivos heterossexuais ainda pouco se fala.  

Hoje, no Brasil, é muito comum uma forma de relacionamento, o ficar  sem compromisso.  Às vezes fica-se uma só vez;  em outros casos, muitas vezes. 
Os homens brasileiros simplesmente estão impondo o ficar às mulheres, seja a fim de se livrarem do dever de fidelidade, seja a fim de as "testarem". 
Espera aí, Simone Andréa, que mulher nunca fez isso também?  Quem nunca deu uns beijos e abraços num cara que jamais namoraria?
Ok, mas será que vale a pena? O problema é que isto se tornou regra, e uma regra que eles nos impingem.
Aliás, ainda nos relacionamos com os homens de acordo com as regras que eles nos têm impingido;  com os valores que a eles interessam;  e, pior:  concordamos com isso, consentimos nisso, e, caso algumas gatas pingadas resolvam agir com a mesma liberdade deles, ou (o que é pior!) questioná-los... essas gatas pingadas são tachadas de   loucas.

Homens têm e não abrem mão da iniciativa da conquista:  só eles se creem no direito de conquistá-las.  A mulher fazer o inverso?  Não!
 
Os homens, quando querem uma mulher, não sossegam enquanto não têm certeza de que a conquistaram;  uma vez conquistada, eles se creem no direito absoluto de dela fazerem o que bem entenderem, de preferência, desprezá-la, bancarem o difícil, o disputado, quando são, na verdade, o...  babaK.

Homens têm e não abrem mão do direito absoluto de ter a "posse" da mulher, ainda que latam, "não quero compromisso".  Ela sai sem ele e ele sabe onde ela foi?  Ele vai atrás só para dar uma conferida, se ela não foi com algum outro ou se está se comportando "direito".

E há outras sandices que eles praticam, que ferem e magoam, como se fossem a coisa mais normal e inofensiva do mundo;  e as praticam para ter o controle do relacionamento, do coração e da mente da mulher. Ai da mulher que expõe seu inconformismo! 

Mas, se não fosse nossa colaboração, nossa passividade, o machismo nos relacionamentos já teria caído de podre há muito tempo.  Nossa colaboração:  refiro-me ao tipo de mulher (infelizmente, muitas!) que não só não reage, mas coopera com isso.  E há sempre aquela vagabunda que acusa as demais de "não saberem levar os homens".

Depois volto com mais artilharia.


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