Só podemos repudiar tal declaração, feita por pessoa que se vale de sua celebridade, para alardear proposta que despreza os direitos fundamentais da mulher.
Gisele Bundchen faz questão de representar o papel de "boa moça" para a opinião pública, defensora de causas ecológicas, que ama crianças, pratica meditação, yoga e tem uma família de conto-de-fadas.  Apresenta-se, portanto, como a mulher dos sonhos dos machistas:  famosa apenas por ser bonita (?), que coloca os filhos e seu homem acima de tudo.  Faz parte do seu show, que lhe rende milhões.  
Sua declaração - pela obrigatoriedade do aleitamento materno - lamentavelmente, além da notoriedade que lhe está rendendo, talvez lhe renda novos milhões em contratos.
Mais do que absolutamente infeliz, a idéia de que a amamentação no seio deveria ser obrigação prevista em lei é de um atroz desrespeito à própria condição humana da mulher.  Porque a espécie humana tem um atributo que a difere de todas as demais:  RAZÃO.  Pensamento.  Vontade.  Capacidade de escolha. Liberdade, quer dizer, poder de agir segundo sua vontade e escolha.  Foi a razão que nos trouxe a civilização, e esta, a agricultura, a indústria, a ciência, a arte, a filosofia, que não é vã como a vaidade, profissão de fé das modelos.
Como membros da raça humana, as mulheres têm o direito de serem tão livres quanto os homens.  Em todos os aspectos:  físicos, morais, intelectuais, espirituais.  Tão virtuosas quanto os homens, mas tão falhas quanto eles também.  Em síntese:  tão humanas.  Mas a mulher é idealizada e permite que a idealizem, quer como santa, quer como pecadora.  E não se dá conta de que a Revolução Francesa aconteceu há mais de duzentos anos, nem de que a  maioria dos Estados democráticos ocidentais é laica, como o Brasil.  Sendo assim, a moral religiosa não deveria reger nem a lei, nem a sociedade.  
No ano de 1988, em 5 de outubro, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, sob o mesmo signo de Libra do Doutor Ulisses, que a proclamou "Constituição Cidadã":  justa, não deixou pedra sobre pedra, nem a menor dúvida de que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.  Assim, não se pode exigir que a mulher faça o que o homem não pode fazer.  E ponto final.
Ah, mas a natureza deu seios às mulheres!  Ah, mas o leite materno é o alimento "perfeito"!  Ainda que o seja (eu duvido, muitas e muitos duvidam), há outros.  Ninguém exige perfeição de nenhum outro ser humano, em nenhuma outra relação.  Por que a perfeição é exigida da mãe, segundo o paradigma abnegado, sacrificial e ditatorial de maternidade que nos constrange?  
Porque a mulher, bem o observou John Lennon, é o negro do mundo.
Frau Bundchen, apesar de ser mulher, é loira de raça ariana, que lhe importam os negros do mundo, as demais mulheres?  
Lei internacional tornando a amamentação obrigatória:  "Doutora" Gisele Caroline Bundchen, no salto alto de seu machismo e pretensão, quer, na verdade, um tratado internacional pelo qual os Estados-partes se obriguem a adotar, em suas leis internas, normas que constranjam as mulheres a amamentar no seio.  Mas tal tratado não poderá contar com a adesão dos Estados-partes na Convenção de Nova Iorque, de 1979 - Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher .  Todavia, "Doutora" Gisele, que não sabe desses detalhes, não está nem um pouco preocupada com eles.  Seu objetivo era aparecer, e conseguiu.  Aconteceu e virou manchete, com sua declaração desastrosa, que respeito algum merece.  
Infelizmente, a mídia dá espaço para esse tipo de mulher, verdadeira embaixatriz do machismo.  O que Gisele Bundchen vende?  Um padrão de beleza irreal, que nem beleza é:  esquálido e famélico.  Vaidade.  Consumismo.  Mais nada.  A
E é esse tipo de mulher que as revistas ditas femininas celebram, com reportagens que são de puro mau gosto.  A Revista "Cláudia" de maio deste ano, por exemplo, intitulou sua matéria com a referida modelo de "Bendita entre as Mulheres".  Não sei quem  teve a idéia de chamar Gisele de "bendita entre as mulheres", equiparando-a - pasmem - à Nossa Senhora!  Uma profissional da vaidade - um dos sete pecados, segundo a Igreja Católica - equiparada à Nossa Senhora! 
É a velha história da idealização da mulher:  ou santa ou pecadora. Por posar de boa moça e boa mãe, Gisele virou santa!  
O que fazer com Frau Gisele Bundchen?  BOICOTE, para que contratá-la seja um péssimo negócio.
Não compraremos NENHUM produto de NENHUMA empresa que a tenha contratado como garota-propaganda.
Segue uma lista, da qual me lembro:
Produtos da marca NÍVEA;  shampoos PANTENE;  moda COLCCI;  TV por assinatura SKY.  Lembrem-se de outros produtos, mandem-me os nomes.
Além disso, vamos escrever ao PNUMA, orgão da ONU do qual Frau Bundchen é "embaixadora", e peçamos sua "exoneração" do cargo, que ela não merece: