Friday, May 25, 2018

Autoestradas bloqueadas, ferrovias destruídas

Que país é esse?, perguntava-se, indignado, Renato Russo, na canção do mesmo título.

Há anos atrás, disse a uma europeia que não havia mais trens rodando no país.  Ela olhou nos meus olhos, reagiu perguntando "como?", com o semblante de quem achou que eu era maluca.  Só uma maluca para falar uma coisa dessas, raciocinou a europeia.

Porque o que foi feito no Brasil, no governo FHC, seguindo recomendação do desastrado BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, foi a destruição completa do transporte ferroviário no país.  Em parecer de 1992, o BNDES, com sua falta de visão e despreparo característicos, recomendou a privatização do transporte ferroviário de carga.  Somente de carga.  O de passageiros?  Que se danasse, como de fato se danou.

Hoje, sequer transporte de cargas temos!

 A ALL- América Latina Logística, que durante anos foi a concessionária do que restou da FEPASA - Ferrovia Paulista S/A, deixou os trens apodrecendo nos trilhos da região de Sorocaba.  Recebeu dinheiro do BNDES.  Veja:  BNDES aprova operação de R$ 2,15 bi para Grupo ALL 

Pois bem.   A dissolução definitiva da RFFSA deu-se em 1999.

Quando eu era menina, e também jovem, em Sorocaba, via os trens rodando, inclusive vagões que transportavam combustíveis.

Isso ACABOU com a destruição irresponsável e desastrada do transporte ferroviário, ainda no governo FHC.

Se tivéssemos trens rodando, não dependeríamos de rodovias;  teríamos menos congestionamentos nas rodovias diariamente;  as pessoas que morassem longe e pegassem trem saberiam que chegariam pontualmente ao serviço, porque para trem não tem engarrafamento. 

Hoje, não estaríamos vivendo essa situação terceiro-mundista, vergonhosa, e humilhante:  greve de caminhoneiros "para" o país e gera desabastecimento de combustíveis.

A decisão de acabar com o transporte ferroviária foi desastrosa, um retrocesso em  termos de infra-estrutura, fruto de gestores desprovidos de conhecimento, de capacidade para a gestão pública.

Cadê o Ministério Público Federal para processar os responsáveis por esse descalabro por improbidade administrativa?