Friday, February 18, 2011

CAPA DE REVISTA

Elegemos uma Presidente da República e NENHUMA revista dita feminina estampou Dilma Roussef na capa.
A mensagem subliminar que essa omissão transmite é: Dilma não representa a mulher; Dilma não serve para representar a mulher.
Quem serve para representar a mulher são modelos ou atrizes famosas, celebridades do mundo da moda, do cinema e da televisão. Resumindo: celebridades midiáticas, filhas da indústria de comunicação de massas.
Por que será?
Parece que não há razões para entender, pero las hay, las hay.
Atrizes de cinema e de novela, modelos famosas encarnam o que a mídia impinge às mulheres e quer continuar impingindo: o mundo do faz-de-conta, da futilidade, do consumismo, da vaidade, do vazio.
As revistas femininas surgiram nos primeiros anos do século passado, tendo sido concebidas à semelhança do mundo da mulher de então, E NÃO MUDARAM NADA!
As jornalistas que hoje as dirigem, malgrada sua formação universitária, sua fluência escrita, sua cultura geral, talvez ainda não tenham refletido que, se o mundo da mulher mudou nesses anos, a conversa com a mulher também tinha que ter mudado. Ou, então, atendendo aos apelos da Economia do Machismo, fazem de conta que nada perceberam e nada sabem.
Quantos trilhões de dólares, por ano, mulheres do mundo todo gastam com moda e estética? Alguém já fez as contas?
Logo, serão trilhões de yuans...
Será que interessa às editoras colocar, na capa de uma revista feminina, uma mulher bem-sucedida que não vai ajudar a vender os cremes, perfumes, roupas, sapatos e mentiras de seus principais anunciantes? Que não vai aumentar os índices de audiência das novelas da tevê?
Lola (um lixo) do mês passado tinha uma matéria sobre Dilma (ex-dissidente de verdade), mas estampava Cláudia Abreu na capa (ex-guerrilheira da ficção, Anos Rebeldes, lembram?). Cláudia deste mês documenta a entrega, pela diretora da revista, de carta de reivindicações à Presidente, mas estampa Glória Pires na capa (ela está na novela das nove).
Então tá.